Há mais de 70 anos a preservar e a desenvolver o Mundo Rural e os Produtos de Montanha
O município de Boticas situa-se em Trás-os-Montes, distrito de Vila Real, em terras do Barroso, região classificada como Património Agrícola Mundial, pela FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, com base na genuinidade
do território, na forma tradicional de trabalhar as terras, de tratar o gado e no comunitarismo dos seus habitantes. Aqui ainda é a natureza que dita as regras por que se regem homens e animais. Os gestos dependem do pulsar da terra e a rotina é imposta pelos ciclos naturais.
A Cooperativa Agro Rural de Boticas (CAPOLIB) foi fundada em 1952 em Boticas, conta atualmente com cerca de 900 associados e tem todo o território nacional como área de abrangência.
Tem como missão auxiliar o produtor agrícola a aumentar e melhorar a sua produção, com a centralização das compras e comercialização dos seus produtos.
Atualmente a cooperativa tem mais de 1500 associados.
Ao longo dos anos a cooperativa foi-se expandindo e prestando um maior número de serviços aos seus associados. O grande destaque vai para a criação do Agrupamento de Produtores de Carne Barrosã e o Agrupamento de Produtores de Mel de Barroso em 1994, os quais expandiram as fronteiras municipais e regionais da Cooperativa que chega agora a mais de vinte municípios no Norte de Portugal.
Através do seu trabalho junto dos produtores, a cooperativa tem conseguido diminuir os seus custos, melhorando a qualidade das suas produções e aumentando o preço de venda dos vários produtos na origem, melhorando a qualidade de vida dos seus associados e dando-lhes acesso a mercados antes inalcançáveis. A cooperativa tem como objetivo oferecer uma solução integrada aos seus associados no que respeita às compras, formação e escoamento de produtos.
No final de 2020 a Capolib alterou a sua designação social para Cooperativa Agro Rural de Boticas – CAPOLIB
Serviços ao mundo rural
Aquisição e comercialização dos fatores de produção necessários às explorações dos cooperadores;
Prestação de serviços às atividades agrícolas e florestais dos cooperadores;
Promoção, divulgação e execução de medidas de política agrícola e desenvolvimento rural;
Preservação e melhoria do estatuto sanitário dos efetivos;
Elaboração de candidaturas;
Realização de ações de formação relacionados com as atividades rurais.
Serviços florestais
Apoio à melhoria da gestão e ordenamento das explorações florestais do território e aos órgãos gestores de baldios;
Valorização da gestão florestal sustentável através de processos de certificação, com normas internacionais, preservando os eco espaços e a sua diversidade;
Apoio à comercialização de produtos florestais e derivados;
Elaboração, avalização e execução de projetos de gestão de comunidades florestais;
Promoção, constituição e dinamização dos agrupamentos de baldios respeitando os modos de vida assentes na tradição;
Promoção da implementação de normas de certificação em modo de produção biológica em territórios de fruição comunitária, como bem sociocultural.
Serviços Produtos de Qualidade
Organização dos produtores pecuários e apícolas a quem foram atribuídas denominações de origem protegida, assim como todos os produtores de pequenos ruminantes, fumeiro e outros bens provenientes de uma agricultura multifuncional;
Apoio à comercialização junto dos mercados de consumo nacionais e internacionais, correspondendo a uma estratégia integrada de desenvolvimento do território;
Apoio técnico para a implementação dos requisitos legais para a observação de normas de produção em modo biológico, contribuindo assim para a melhoria da transição ambiental e para a mitigação da pegada ecológica.
Carne Barrosã
Denominação de Origem Protegida
A Carne Barrosã DOP(Denominação de Origem Protegida) é proveniente de bovinos da Raça Barrosã, raça autóctone portuguesa, referência emblemática da bovinicultura nacional. Os lameiros e baldios, onde os animais pastam livremente, os métodos tradicionais e a dedicação dos pastores, com respeito pelo bem estar animal e com uma pegada ecológica negativa, junto comas características genéticas e à exclusiva alimentação dos vitelos, à base de leite materno, de forragens e de cereais, propiciam uma carne com uma tenrura e sabor inconfundíveis, reconhecida com dezenas de galardões.
Mel de Barroso
Denominação de Origem Protegida
O Mel de Barroso DOP (Denominação de Origem Protegida) é produzido nas regiões de cota mais elevada do Barroso, na região de Trás-os-Montes e destaca-se pela sua riqueza em antioxidantes, enzimas, vitaminas, minerais e aminoácidos, provenientes da urze, a qual lhe confere, para além das ações medicinais, uma cor intensa, uma cremosidade e textura delicadas e um sabor refinado. A sua qualidade tem sido reconhecida consecutivamente, ano após ano, com a conquista de inúmeras distinções.
Cordeiro e Cabrito
O Cordeiro e o Cabrito das serras do Barroso são produzidos na região geográfica compreendida pelos concelhos de Boticas e de Montalegre. Os rebanhos são criados em pastoreio livre nesta região montanhosa, sendo a sua alimentação complementada no estábulo com feno, cereais e outros produtos naturais da agricultura da região. Estes animais, são particularmente importantes na gestão da paisagem da região, contribuindo significativamente para o ordenamento silvícola e para o combate aos incêndios, na sua ação preventiva.
Fumeiro
Mantido e criado com zelo, o porco é a principal fonte de proteína dos barrosões e constitui um ex-líbris da cozinha barrosã. É alimentado exclusivamente com produtos naturais excedentes da produção agrícola da casa e do pastoreio em touças e lameiros. Todas as partes do animal são aproveitadas na produção do fumeiro e outros produtos. O presunto, o salpicão, a chouriça, a alheira, o chouriço de abóbora, a sangueira, a farinhota, o chouriço azedo e a bucheira, são alguns dos produtos de excelência, resultantes do saber fazer local e das características do clima, onde os rigores do inverno desempenham um papel fundamental.
Panificação
Numa região fustigada por condições climáticas adversas, o trabalho agrícola, sem a mecanização dos dias de hoje, exigia aos agricultores um trabalho árduo que só uma alimentação fortemente calórica podia providenciar. O porco, principalmente o Bísaro e seus cruzamentos, surge assim como uma fonte de proteína e gordura animal fundamental na dieta dos barrosões, sendo os produtos de panificação, nomeadamente a broa centeia, a bola centeia de carne e o folar (junto com as batatas), as principais reservas energéticas.
O pão e o folar sempre acompanharam a carne de porco na mesa dos barrosões. Quase exclusivamente de farinha centeia (à exceção do folar) e produzidos segundo métodos e práticas agrícolas ancestrais, os diversos produtos de panificação são também
verdadeiras riquezas gastronómicas, onde se destaca o pão de centeio e a bola centeia de carne.
Batatas
As batatas Desireé e Kennebec são as duas variedades mais produzidas na região e aquelas que se adaptaram melhor às condições do Barroso. A Batata Desireé, é uma batata de cor vermelha, com polpa amarela clara após a cozedura. Tem origem nos Países Baixos e está há muitos anos adaptada aos solos e clima do Barroso. Possui muito boa qualidade culinária, especialmente para fritar e cozer. Originária dos EUA, a batata Kennebec é uma das mais famosas e utilizadas no mundo. Introduzida no Barroso há várias décadas, é um tipo de batata bastante versátil para uso culinário, pois possui um sabor intenso e muito agradável, indo buscar aos solos e ao clima características inconfundíveis.
Hortícolas
As culturas hortícolas no Barroso estão intimamente ligadas a uma agricultura de subsistência. É nas pequenas hortas, que todas as famílias cultivam as cebolas, os nabos e nabiças, as couves galegas, as pencas, os repolhos, as cenouras, as alfaces, os feijões, os alhos, as ervilhas, entre muitas outras variedades. Mas as hortaliças não se destinam exclusivamente ao consumo humano, os restos ou excedentes são utilizados na alimentação dos animais, enriquecendo e valorizando a qualidade das suas carnes e fechando o ciclo produtivo, sem desperdícios, num verdadeiro exemplo de economia circular. As hortas, constituem ainda, uma ajuda significativa no equilíbrio dos orçamentos familiares, para além de proporcionarem uma dieta alimentar montanhesa equilibrada e saudável.